postado: 07/01/2015
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Poucas vezes se viu no futebol moderno uma identificação tão grande entre clube e jogador capaz de fazer com que ambos se unam em um laço que fique cravado na história – tanto do atleta quanto da agremiação. Assim foi com goleiro Fábio Alves Tabosa, o Fábio, e a Associação Desportiva Confiança.
Nascido em Fortaleza, Ceará, o jogador chegou ao clube em 2001 como um desconhecido. Treze temporadas e 398 jogos depois, ele se despediu do Confiança como o ídolo de uma era vitoriosa, com 9 títulos conquistados.
Fábio lembra que a vinda aconteceu quase que por acaso. “Eu estava jogando no Unibol, de Pernambuco. Roberto Acieri, que já é falecido, e Célio França, que presidia o confiança na época, foram atrás de jogadores lá. Eles não estavam nem pensando em contratar um goleiro. Mas Maurício Simões, que era o técnico do time naquele ano, pediu um que contratassem um goleiro também. Aí eu vim, no início de 2011”, lembra ele.
Logo que chegou, Fábio conquistou a confiança do treinador e se tornou titular absoluto. O começo não poderia ser melhor, com o Dragão conquistando o Campeonato Sergipano daquele ano. “Para mim foi um dos títulos mais significativos por que o Confiança estava há 10 anos sem o Estadual”, diz o goleiro.
Ali começava uma história de amor e sucesso com a camisa do Confiança. Durante sete anos seguidos, Fábio foi eleito O Melhor Goleiro do Campeonato Sergipano. Em duas vezes, foi eleito O Craque do Estadual – um feito difícil para um jogador que tem a dura missão de guardar a meta. Não demorou para que ele caísse no gosto do torcedor e virasse ídolo.
“Às vezes eu paro e não consigo entender, pois é muita paixão. O atleta passa a ter uma responsabilidade grande. Você não é ídolo somente pelo que você faz em campo, mas por tudo aquilo que você faz na vida. E eu sempre me achei tão importante quanto qualquer outro que passou pelo clube”, comenta o goleiro.
Cearense, Fábio criou um vínculo tamanho com o Estado, que recebeu o título de Cidadão Sergipano. Até hoje ele mora no Bairro Industrial, próximo ao Estádio Sabino Ribeiro, casa do Confiança. “Considero que os dois times mais importantes na minha carreira foram o Tiradentes, que me deu a oportunidade inicial, e o Confiança onde eu mais passei tempo e mais conquistei títulos”, afirma.
No final de 2013, o ídolo resolveu que era hora de deixar o Sabino Ribeiro. “Eu percebi que tinha chegado o meu tempo. Foi uma saída tranquila, sem nada a reclamar”, diz. Fábio então subiu a Serra e assinou com o Itabaiana, onde jogou no ano passado. Ao final da temporada, com 39 anos de vida completados, ele decidiu que era hora de parar de jogar.
Mas a história tão forte pelo Confiança ainda terá um último capítulo. Por todos os serviços prestados com a camisa azulina, o clube decidiu homenageá-lo: na próxima quarta-feira, dia 14, ele vestirá a camisa do Dragão pela última vez durante alguns minutos. Ele participará do amistoso contra o CSA de Alagoas, no Estádio Sabino Ribeiro, defendendo a meta proletária nos minutos finais da partida.
“O que eu posso dizer é que a emoção vai ser grande. É uma coisa que eu nunca vivi. Falcão dizia que o jogador morre duas vezes - uma quando morre e outra quando para. Não dá para mensurar. Só sei que vai ser uma festa muito bonita”, prevê Fábio, já prevendo a emoção. A partir dali, ele deixará de vez o campo para entrar definitivamente na memória dos torcedores azulinos.